Culto à natureza

Cerejeira no Buraco 1

Cerejeira no Buraco 1

Assim como nossa existência é breve e os nossos sonhos se esvaem, as flores das cerejeiras também se espalham pelo chão, pois suas floradas duram apenas uma ou duas semanas. Essas belezas efêmeras são uma representação perfeita dos caminhos e descaminhos da vida; e a cultura japonesa, com seu refinamento natural, inventou uma interessante festividade chamada hanami, o ato de “contemplar as flores”.

É um acontecimento basicamente social, mas seus contornos são também culturais e filosóficos, pois em nome de uma árvore celebra-se a vida, o amor, a reflexão e a natureza. São ocasiões para cantar, beber, comer e conversar. Realizada no Japão e em várias partes do mundo, essa tradição já tem mais de 1.200 anos, embora em sua origem a contemplação não se desse com a flor de cerejeira (sakura), mas com as da ameixeira (ume), cuja prática ainda persiste, embora sem a força e fama que é dedicada à primeira. Também há a versão noturna da festa da sakura, com o toque estético de centenas de lanternas de papel sendo penduradas nos galhos dessas árvores sagradas, criando um cenário fortemente onírico, como fazem, por exemplo, na Ilha de Okinawa.

E diz uma das lendas que a princesa Konohama Sakuya Hime caiu do céu aos pés do Monte Fuji e transformou-se nessa delicada e bela flor, que é venerada pelos japoneses como um verdadeiro símbolo nacional. Todos esses conceitos e histórias estão presentes nos corações e mentes de muitos golfistas do Arujá Golf Clube, que ao colocarem seus tees no buraco 1 e baterem seus drives, muitas vezes terminam com suas bolas aos pés de uma das dezenas de cerejeiras que foram plantadas em 1990 à margem do fairway. E se for a época certa, o golfista, em vez do piquenique em celebração à sakura, praticará um estranho hanami dando sua segunda tacada sob a sutil benção de uma cerejeira em flor.

Hanami à beira do Rio Sumida, por Hiroshige Ando, 1850

Hanami à beira do Rio Sumida, por Hiroshige Ando, 1850