Onze homens e um objetivo

Se a data de fundação do Arujá Golf Clube é a de 29 de junho de 1965, a data inaugural da decisão de levar adiante o ambicioso projeto da construção de um campo de 18 buracos foi a de 15 de janeiro de 1963. Era uma noite quente de terça-feira que varria com seus ventos suaves a Rua da Cantareira, famosa por ser o logradouro que margeia o Mercado Municipal de São Paulo, um dos pontos mais emblemáticos da capital e uma das últimas construções da cidade ao estilo grandioso e clássico da então chamada “Metrópole do Café”, que tanto valorizava as colunas dóricas e os imensos vitrais e clarabóias.

Por aquela rua, passando em frente à portentosa obra do arquiteto Ramos de Azevedo, os carros foram chegando e sendo estacionados. Primeiro chegaram Isao Ono, Tomizo Harada e Minoru Otsuka; depois foi a vez de sairem de seus automóveis os senhores Taichi Hase, Tadashi Inoue, Hisaei Tanizaki e Katsumi Ono; e não tardaram também a chegar Tsutihico Tanaka, Takeichi Wai, Frederico Fujiwara e Toshio Noguchi. Esses onze homens, todos golfistas, todos japoneses ou de ascendência japonesa, tinham um destino comum: uma mesa bem iluminada e arejada no restaurante Shin Tokiwa. Foi uma noite de diversão. Alguns pediram saquê, outros pediram cerveja ou sucos, e a mesa foi sendo tomada por risos, descontração e porções de shimejis, temakis, sashimis e yakissobas.

Aquela não era nem a primeira e nem seria a última noite em que os amigos se reuniriam para celebrar a vida com bebidas e comidas típicas servidas por um dos mais tradicionais restaurantes japoneses de São Paulo. Porém, aquela noite foi muito especial por ter sido a ocasião em que decidiram que o campo de golfe seria realmente construído, e antes de pagar a conta já haviam constituído a comissão responsável pela busca e escolha de um terreno para abrigar o projeto, cabendo ao senhor Isao Ono a honra de presidir a Comissão, enquanto Tomizo Harada foi nomeado secretário e Taichi Hase tornou-se o tesoureiro. Todos brindaram com saquê, se despediram, e retornaram à Rua da Cantareira para pegar seus carros e passarem novamente em frente a um Mercado envolto pela bruma fria e úmida que antecedia a madrugada.

Jardim  japonês  entre a sede e os greens do 9 e 18

Jardim japonês entre a sede e os greens do 9 e 18